Pensamentos culturísticos, miscelaneados entre poemas tortos, contos vesgos e ideias incomodativas.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
hesitação
Vídeo realizado em exercício prático na oficina de micrometragem, parceria do projeto Audiovisual da UNIPAMPA Jaguarão, do qual sou um dos coordenadores, com a Secretaria de Cultura de Jaguarão e o Coletivo Pédequê? para o SEDA (semana do audiovisual).
Esse vídeo experimental começou com a exploração da escada do pátio da Casa de Cultura. Fizemos algumas imagens despretensiosas. Depois, fiz uma edição com uma música antiga que eu tinha aqui, de experimentos musicais com o teclado.
Foram 3 vídeos gravados na oficina.
Em busca do leitor perdido
Vídeo realizado coletivamente na oficina de micrometragem, parceria do projeto Audiovisual da UNIPAMPA Jaguarão, do qual sou um dos coordenadores, com a Secretaria de Cultura de Jaguarão e o Coletivo Pédequê? para o SEDA (semana do audiovisual).
turvo azul
Mais um dos vídeos realizados numa das oficinas que estamos ministrando no projeto Audiovisual da Unipampa Jaguarão. Essa oficina foi realizada dentro do SEDA (Semana do Audiovisual), evento que acontece em diversas cidades. Em Jaguarão foi uma parceria da Secretaria de Cultura e do pessoal do coletivo PédeQue?
A oficina foi de micrometragem, ou seja, estávamos pensando em vídeos que tivessem por volta de um minuto. Acabamos gravando 3 e eu fiz a edição depois.
Esse vídeo partiu de uma exploração do Jarbas, que é professor de artes. Ele fez as imagens e depois eu editei, trabalhando com a velocidade e acrescentando uma música que eu tinha aqui, bem velhinha que eu tinha gravado no teclado.
sábado, 4 de agosto de 2012
A música está mais pobre, comprovação científica.
É isso:
estudiosos comprovaram, através de um programa de computador, que a música está
mais pobre, mais previsível. O programa é como aquele que ressalta as palavras
mais usadas em um texto. Os cientistas,
que são espanhóis, estudaram mais de 450 mil canções, nos estilos rock, pop, hip hop,
metal e electrônica. Eles disseram que a música está homogeneizada, com refrãos,
melodias e sons cada vez menos originais.
Primeiro,
percebemos que o estudo se deu em músicas que abrangem e tocam em todos os
países. Não foram estudadas as músicas folclóricas ou as populares, que em cada
país tem um nome, mas que em muitos deles, acabam sendo praticamente a mesma
coisa. Não é a toa que muitas músicas do novo (não tão novo) sertanejo brasileiro
sejam versões de músicas “campeiras” de países latino-americanos e
norte-americano. Da mesma forma, essas novas canções que aparecem aqui no
Brasil, como forró, arrocha e o que valha, são muito identificadas com o
reggaeton e outras canções populares latino-americanas.
Segundo,
o estudo não se preocupou com as letras.
Com
isso, acredito que a pesquisa espanhola teria sido ainda mais preocupante se
houvesse incluído esses gêneros populares e as letras.
Pode
ser que tudo isso seja culpa da globalização, seja culpa da cultura-mundo, expressão utilizada por
Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. No livro que leva o nome da expressão citada,
os autores afirmam que o hipercapitalismo tenta criar um consumidor globalizado
sem origem nem tradição. A intenção é de que os mercados diversificados sejam
substituídos por um mercado único onde os jovens vejam os mesmos filmes, ouçam
as mesmas músicas, dancem as mesmas danças (provavelmente todas que façam
menção à relação sexual em sua movimentação, como são os axés, as músicas do
teló, os pagodes, os reggaetons e os funks). Se formos avaliar, as grandes
indústrias culturais terão cifras sempre maiores a 70% no domínio de produção
musical e cinematográfica. Serão sempre 4 ou 5 empresas dominando.
A
mídia tem papel importante nisso, é lógico. Nos EUA as rádios eram protegidas
por leis de mercado, sendo proibido que um mesmo grupo fosse proprietário de
mais de 7 rádios. Mas, a partir de 1987, isso começou a mudar. O limite passou
a 12, depois a 18 e depois ilimitado. Assim, em 1996, um grupo tinha 43 rádios
e em cinco anos passou a mais de 1.200. No Brasil, os meios de comunicação
estão na mão de umas 15 ou 16 famílias (marinhos, sarneys, abravaneis,
sirotskis entre eles).
Frédéric Martel, um
francês que passou mais de cinco anos pesquisando sobre a guerra global das
mídias e das culturas, afirma que é muito difícil definir o início da música
pop, se foi lá em Detroit na Motown, em Nova York na Atlantic, em Hollywood,
Nashville ou Miami. Ou mesmo se foi nos anos 1980 com a MTV. Martel afirma que “não
importa. A música pop não é um movimento histórico, não é um gênero musical,
ela está constantemente sendo inventada e reinventada”. Diz ainda que a
expressão surgiu nos anos 1960, numa abreviatura de popular, “de uma cultura, uma música que se dirige a todos e que
desde logo se pretende mainstream”.
A empresa citada lá
em cima, de 1.200 rádios é a Clear Channel. Segundo Martel, ela ajudou e muito
a reeleição do Bush pai e Bush filho (lembrando que no governo deles é que os
limites de propriedade de rádio foram desaparecendo). Os programas e as músicas
se repetem em todos os canais de rádio, e a rádio está muito identificada com o
que chamamos aqui no Brasil de jabá e
lá eles chamam de payola. No Brasil,
nem preciso dizer que é a mesma coisa. Sempre as mesmas músicas tocando em
todos os lugares.
Pensando
em tudo isso, fico com uma dúvida terrível, a la tostines: “a música é homogeneizada por vender mais ou vende mais
por ser homogeneizada?”
Sinceramente,
pode ser que a fórmula “que vende” seja a responsável pela homogeneização. Mas
acho que essa fórmula mais simples vende por causa, logicamente, de quem
compra. Sendo assim, a música é pobre e simples pelo simples motivo de que quem
ouve é pobre e simples (não estou falando em questões econômicas, mas sim em
questões de cultura, como conhecimentos musicais, artísticos e de interpretação
e análise artística).
Essa
homogeneização e simplicidade se encontram em outras artes. Cada vez mais
encontramos “artistas” que não conhecem sua arte. Músicos que não conhecem
história e teoria musical, pintores que não conhecem história e teoria de
pintura e assim por diante. Não saber história e teoria de sua arte não é um
impedimento, mas, acredito eu, que seja uma limitação sim. Poucos seres terão a
capacidade de inventar a partir do nada.
De
qualquer forma, ainda podemos escapar dessa pasteurização: a internet está aí em
nosso favor, nos permitindo pesquisar e divulgar artes mais ricas e diversas.
Só temos que lutar contra a pasteurização da internet (o facebook por exemplo é
pasteurização, tá todo mundo lá, fazendo e vendo as mesmas coisas), mas isso já
é assunto para outra conversa.
referência da notícia sobre a música:
http://publimetro.pe/entretenimiento/6960/noticia-revelan-que-canciones-pop-son-iguales-desde-anos-50
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